sexta-feira, 28 de agosto de 2015



Resultado de imagem para catequista

Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena
CNBB
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Em agosto, mês vocacional, comemora-se o Dia do(a) Catequista, no Ano da Fé. . A catequese está desafiando a viver um momento novo, a um novo agir e a uma mudança de métodos. Muita gente participa de nossas comunidades sem a consciência clara da vida cristã e da fé. A preparação ainda é insuficiente ou muito superficial. Ela é assumida e vista como escola ou tarefa exclusiva do catequista. Falta apoio de todos os lados para o exercício comum da catequese e tê-la como serviço essencial da comunidade. Convivemos com uma falta de clareza em nossa catequese. Conteúdos são transmitidos, mas pouco atingem a experiência da fé. É preciso experimentar o sabor.
É necessário acabar com a ruptura entre os sacramentos e o testemunho cristão. Para isso é preciso incluir um esforço para a vivência autêntica da fé. O exemplo de vida cristã, a alegria da fé, seja do Bispo, do Padre, dos pais, do catequista deve contagiar, revolucionar a vida de todos. O ser humano é sensível aos gestos, ao bem, à espontaneidade e à sinceridade.
A iniciação cristã ainda está fragmentada em momentos isolados e pouco relacionados entre si.Tanto assim que a celebração de um sacramento é vista como uma conclusão ou fim de um processo, ao invés de levar a uma participação frutuosa da vida cristã por toda a existência. Temos necessidade de uma iniciação cristã para que a fé faça parte da vida de nosso povo. Cristo é a esperança de todos e que, apesar de todas as dificuldades que surgem na vida, é preciso buscar, proclamar e celebrar o evangelho da esperança, este evangelho que é confiado à Igreja.
Diante do cenário atual, propõe-se o caminho catecumenal para a catequese. Um processo da iniciação cristã. Uma preparação para os sacramentos, promovendo a adesão a Jesus Cristo e à Igreja, incluindo ritos e celebrações que conduzem à experiência do mistério de Deus. Sendo inspiração para toda a catequese, o catecumenato nos apresenta um método marcado por etapas e celebrações. As etapas são como itinerários, um caminho que conduz os catequizandos, a comunidade, as famílias e os ministros ao núcleo da fé. O itinerário da iniciação cristã compreende etapas (ou passos), celebrações e ritos. O pré-catecumenato é o momento do primeiro anúncio, em vista da conversão. O catecumenato é destinado à catequese integral, à pratica da vida cristã, às celebrações e ao testemunho da fé. Há um tempo de purificação e iluminação. Por último, um tempo ao progresso no conhecimento do mistério pascal (mistagogia). São muitas as vantagens de uma catequese inspirada pelo processo catecumenal.
Queridos(as) catequistas, abrace esse caminho. Saber fazer é uma das tarefas do ser catequista. Só podemos catequizar os outros catequizando a si mesmo. Agradeço a todos(as) os(as) catequistas pela dedicação, amor a esta missão de conduzir a Jesus os seus catequizandos. Que a experiência do encontro com Jesus seja a força motivadora capaz de lhe trazer o encantamento pelo caminho do discipulado, cheio de desafios que os(as) fazem crescer e acabam gerando profundas alegrias.
Gostaria de dizer a cada um(a) catequista: Parabéns! E lembro os comovedores ensinamentos do Papa Francisco: “Coloque fé, esperança e amor em sua vida e ela terá um novo sabor, terá uma bússola que indica uma nova direção. Sua existência será como a casa construída sobre a rocha firme. O seu caminho será alegre, porque você encontrará muitos que caminharão com você. Apaixonem-se por Jesus Cristo”. Deus o(a)abençoe, Catequista!
Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena 
Bispo de Guarabira (PB)


segunda-feira, 24 de agosto de 2015






Assunção de Nossa Senhora

Dom Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
No final de sua vida, no que a tradição chama de “dormição” de Nossa Senhora, contemplamos o dogma que é celebrado neste final de semana: a Assunção de Maria. Ela foi levada ao céu após a sua peregrinação terrestre, onde levou a vida acolhendo a vontade do Pai, dizendo “sim” a Deus, mas também entre cuidados, angústias e sofrimentos. Por isso, segundo a profecia do santo velho Simeão, uma espada de dor lhe traspassou o coração, junto da cruz do seu divino Filho e nosso Redentor. Com a Assunção, se crê que o seu sagrado corpo não sofreu a corrupção do sepulcro, nem foi reduzido à cinzas aquele tabernáculo do Verbo Divino. Pelo contrário, os fiéis iluminados pela graça e abrasados de amor para com aquela que é Mãe de Deus e nossa Mãe dulcíssima, compreenderam, cada vez com maior clareza, a maravilhosa harmonia existente entre os privilégios concedidos por Deus àquela que o mesmo Deus quis associar ao nosso Redentor. Esses privilégios elevaram-na a uma altura tão grande que não foi atingida por nenhum ser criado, excetuada somente a natureza humana de Cristo.
São João Damasceno, que entre todos se distingue como pregoeiro dessa grande tradição – que por motivações pastorais no Brasil é transferida para o primeiro domingo após o dia 15 de agosto –, ao comparar a assunção gloriosa da Mãe de Deus com as suas outras prerrogativas e privilégios, exclama com veemente eloquência: "Convinha que aquela que no parto manteve ilibada virgindade, conservasse o corpo incorrupto mesmo depois da morte. Convinha que aquela que trouxe no seio o Criador encarnado, habitasse entre os divinos tabernáculos. Convinha que morasse no tálamo celestial aquela que o Eterno Pai desposara. Convinha que aquela que viu o seu Filho na cruz, com o coração traspassado por uma espada de dor, de que tinha sido imune no parto, contemplasse assentada à direita do Pai. Convinha que a Mãe de Deus possuísse o que era do Filho, e que fosse venerada por todas as criaturas como Mãe e Serva do mesmo Deus".
O Catecismo da Igreja Católica explica que "a Assunção da Santíssima Virgem constitui uma participação singular na Ressurreição do seu Filho, e uma antecipação da Ressurreição dos demais cristãos" (966).A Assunção de Maria ocorre imediatamente depois de terminar a sua vida mortal e não pode ser situada no fim dos tempos, como sucederá com todos os homens, mas tem de considerar-se como um evento que já ocorreu. Ensina que a Virgem, ao terminar a sua vida nesse mundo, foi elevada ao céu em corpo e alma, com todas as qualidades e dons próprios da alma dos bem-aventurados, e com todas as qualidades e dotes próprios dos corpos gloriosos. Trata-se, pois, da glorificação de Maria, na sua alma e no seu corpo, quer a incorruptibilidade e a imortalidade lhe tenham sido concedidas sem morte prévia, quer depois da morte, mediante a ressurreição.
O dogma da Assunção nos dá uma certeza: Maria Santíssima já alcançou a realização final. Tornou-se, assim, um sinal para a Igreja que, olhando para ela, crê com renovada convicção nos cumprimentos das promessas de Deus. Também nós somos chamados a estar, um dia, com a Santíssima Trindade. Olhando para o que Deus já realizou em Maria, os cristãos animam-se a lutar contra o pecado e a construir um mundo justo e solidário para participar, um dia, do Reino definitivo.
Uma mulher já participa da glória que está reservada à humanidade. Nasce, para nós, um desafio: lutar em favor das mulheres que, humilhadas, não têm podido deixar transparecer sua grande vocação. Em Maria, a dignidade da mulher é reconhecida pelo Criador. Quanto nosso mundo precisa caminhar e progredir para chegar a esse mesmo reconhecimento!
A Solenidade da Assunção de Nossa Senhora demonstra a delicadeza de Deus em preservar a Virgem Santíssima da corrupção do pecado original – seu corpo é elevado ao céu! Daí vem a dignidade do corpo humano, da vida humana. É para o cristão também um olhar para o seu destino final.
Neste tempo de tantas mudanças é importante que nos elevemos com Maria. Infelizmente, uma lei aprovada procurando coibir com toda a justiça a violência contra a mulher trouxe consigo outra grande violência: contra a vida. Nesse sentido, ao olhar para a Assunção de Maria nós pedimos a Deus que nos faça testemunhas do Ressuscitado em meio a tantos e complexos problemas que aparecem a cada momento. Urge nunca perder de vista a direção e fazer de tudo para que hoje, escutando a voz do Senhor, caminhemos procurando fazer Sua vontade.
Fonte CNBB ...http://www.cnbb.org.br/articulistas/dom-orani-joao-tempesta/12634-assuncao-de-nossa-senhora



Carissimos e Carissimas, um pouco de reforço em nosso conhecimento. O que é QUERIGMA e quais diferenças de CATEQUESE.



FONTE:  http://www.portalcarismatico.com.br



È necessário distinguir dois aspectos importantes na evangelização no que tange a diferença entre querigma e catequese. Dois métodos que foram muito utilizados por Jesus. Veja a tabela abaixo:

QUERIGMA (anunciar) 
CATEQUESE (ensinar) 
Leva a nascer de novo, ter vida. 
Leva a crer em Cristo, ter vida em abundância.
Apresenta Jesus morto, ressuscitado, glorificado, Salvador, Senhor, Messias.
Apresenta a doutrina da fé, moral, dogma, bíblia, etc.
Proclama-se a Jesus como a Boa Nova; Testemunho Pessoal.
Ensino ordenado e progressivo; Fé de toda a Igreja.
Precisa de um evangelizador e testemunha cheio do Espírito Santo
Precisa de um catequista e mestre cheio do Espírito Santo
As metas são: experiência do Amor de Deus e de nosso ser pecador; encontro pessoal com Jesus pela fé e conversão; proclamação de Jesus como Salvador; receber o dom do Espírito Santo; integrar-se à comunidade.
As metas são: Encontro com o Corpo de Cristo: a Igreja; Santidade do povo de Deus
Resposta Pessoal (meu Salvador, meu Senhor, meu Messias)
Resposta comunitária e social (nosso Salvador, nosso Senhor, nosso Messias)


O querigma e a catequese foram utilizados por Jesus por dois meios: A Pregação e o Ensino.
Na pregação Jesus despertava nos corações o desejo de conhecer o reino e mostrou as condições básicas para entrar nele. No ensino, Jesus procurou fortalecer as convicções interiores, dando critérios de vida e ensinando valores para a vida das pessoas. Sendo assim se faz necessário esclarecer as diferenças entre: Pregar e Ensinar.
1 - A Pregação e o Ensinamento.
Pregar está relacionado com o primeiro anúncio, com o conteúdo querigmático; Jesus encarnado, morto, ressuscitado e glorificado. Ensinar está relacionado com a catequese, modo sistemático de transmitir a fé. O Ensino é, pois, um conteúdo voltado para o desenvolvimento e o conhecimento doutrinário e teológico e também os valores que regerão as relações entre irmãos.
A Pregação é o primeiro anúncio, o Ensino é a continuidade. A Pregação (anúncio) é o despertar da fé; o Ensino é o viver da fé. O Anúncio é ser inebriado do Amor de Deus; o Ensino é viver o Amor de Deus. A Pregação é a tomada de consciência do pecado; o Ensino nos leva a combater o pecado. A Pregação nos leva a Deus; o ensino nos faz ir aos irmãos. Portanto, Pregar é anunciar o Querigma e Ensinar é Catequizar.
A vida nos é dada graças à fé com que respondemos ao anúncio querigmático, mas a vida em abundância alcança sua plenitude graças à catequese vivida com fé. Apesar de serem distintas, uma precisa da outra. O Querigma é a base da construção e a Catequese o restante da obra.
Não adianta ensinar e depois anunciar. Seria como dar alimento aos mortos e os mortos não precisam de alimento, precisam ressuscitar, nascer de novo, ter vida. O 1º anúncio dá a vida, a catequese alimenta.
2 - Exemplos de querigma e catequese na bíblia:
- Querigmáticos: Mc 8,27-30; Jo 3,1-8
- Catequéticos: Lc 6,27-31; Mt 5,21-26
- Querigmáticos e Catequéticos: Mt 4,23; Lc 11, 27-28

Querigma
A missão essencial da Igreja é a evangelização de todas as pessoas. O ato de evangelizar constitui de fato, a graça e a vocação própria da igreja, a sua mais profunda identidade. A igreja existe para evangelizar.
A evangelização não é somente anunciar Cristo ou pregá-lo, mas também, graças ao poder do Espirito Santo, estabelecer um ambiente e uma estrutura que seja tão evangélica que realmente possa proporcionar o amor entre os irmãos. Desde o começo, os primeiros discípulos ardiam de desejo de anunciar a Cristo: "não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido"( At 4,20). E desta forma convidam todos os homens de todos os tempos a entrarem na alegria da sua comunhão com Cristo. (cf. 1 João 1,1-4)
No ato integral de evangelizar podemos distinguir claramente dois momentos, importantes, distintos e sucessivos, interdependentes, que se complementam: o Querigma e a Catequese. Existe uma grande relação entres estes dois momentos da evangelização mas existem também diferenças que temos que distinguir. Muitos dos fracassos na evangelização se dão por falta do conhecimento das diferenças destas duas etapas deste processo.
Muitas vezes queremos catequizar antes mesmo de anunciar o querigma, anunciar Jesus como Salvador dos Homens. Queremos que as pessoas conheçam e amem a Sã doutrina sem que estas pessoas tenham uma experiência de Amor de Deus.
PARTE II
1 - O que significa Querigma


A transmissão da fé cristã é primeiramente o anuncio de Jesus Cristo, para levar à fé nele. desde o começo, os primeiros discípulos ardiam de desejo de anunciar a Cristo: "pois não podemos, nós, deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos"(At 4,20). E convidam os homens de todos os tempos a entrarem na alegria da sua comunhão com Cristo.
O significado de Querigma é: Primeiro Anúncio. A palavra tem origem no Grego Kerissen, que significa proclamar, gritar, anunciar. Desta forma podemos definir que querigma é exatamente isto: apresentar, proclamar, gritar, anunciar Jesus Cristo, morto e ressuscitado e glorificado para termos um experiência de mudança de vida, graças a fé. É experimentar e viver Jesus vivo como Salvador, Senhor, Messias que dá o Espirito Santo.
O querigma é como se fosse o cimento de uma construção e base da casa que esta sendo erguida, que se não for bem feita ou se não for feita não terá como a casa ficar de pé. Sem este primeiro anuncio, como primeira etapa da evangelização, será o mesmo que construirmos uma casa sobre a areia (cf. Mateus 7, 24-27) ou jogarmos pérolas aos porcos. (cf. Mateus 7,6).
Os temas fundamentais do querigma são:
·                      O Amor de Deus
·                      O Pecado e suas Conseqüências no Mundo
·                      Jesus Salvador e Redentor dos Homens
·                      A Fé e a Conversão
·                      Espírito Santo
·                      A Igreja, Luz dos Povos e Sacramento de Jesus

2 - Objetivos do Querigma
A Boa Nova consiste em anunciar Jesus, Salvador e Messias, que morreu e ressuscitou, foi glorificado para livra-nos do pecado e de suas conseqüências. Quando anunciamos este Evangelho, não se anuncia simplesmente um fato que aconteceu a mais de dois mil anos atrás, como se fosse somente um fato histórico, mas se tem um objetivo claro e bem definido. Este objetivo é: Tornar presente esta Salvação.
Para que isto aconteça se faz necessário um encontro pessoal com Jesus, Senhor e Salvador e Messias, que acontece pela Fé e Conversão, que abre os nossos corações para receber assim uma Vida Nova que nós é revelada pelo Espírito Santo, que nos faz que sejamos Igreja. Desta forma e dentro deste objetivo central podemos distinguir quatro metas a serem atingidas com a pregação do querigma. São elas:
·                      A Salvação
·                      A Fé e a Conversão
·                      Receber o Espirito Santo
·                      Formar a Igreja


sexta-feira, 21 de agosto de 2015















A missão dos cristãos leigos
Por: Dom João Bosco Óliver de Faria *



Os Leigos são cristãos que têm uma missão especial na Igreja e na sociedade. Pelo batismo, receberam essa vocação que devem vivê-la intensamente a serviço do Reino de Deus.

Na Igreja existem as diversas vocações: a sacerdotal, a diaconal, a religiosa e a leiga. Todas são muito importantes e necessárias, pois brotam do Batismo, fonte de todas as vocações.

Antigamente, a missão do leigo era relegada a segundo plano, valorizando-se só o sacerdócio e a vida religiosa. Mas depois do Concílio Vaticano 2, a vocação e missão dos leigos foram revalorizadas, conferindo-lhes a mesma dignidade dos sacerdotes e religiosos.

Dentro da comunidade eclesial, os leigos são chamados a desempenhar diversas tarefas: catequista, Ministro da Eucaristia, agente das diferentes pastorais, serviço aos pobres e aos doentes. São chamados também a colaborar no governo paroquial e diocesano, participando de conselhos pastorais e econômicos.

Não como simples colaboradores do bispo e dos padres, mas como membros ativos da comunidade, assumindo ministérios e serviços para o engrandecimento da Igreja de Cristo.

Apesar desses serviços que desempenham na comunidade eclesial, a missão mais importante dos leigos é no mundo. Eles são chamados a realizar sua missão dentro das realidades nas quais se encontra no dia-a-dia.

Na família, no trabalho, na escola, no mundo da política e da cultura, nos movimentos populares e sindicais, nos meios de comunicação, é chamado a testemunhar, pela palavra e pela vida, a mensagem de Jesus Cristo. Nessas realidades, é chamado a desempenhar sua missão, necessária e insubstituível.

Por isso o papel do leigo não é ficar o dia todo na igreja, mas ser fermento nesses campos de vida e de atuação, ser "sal da terra e luz do mundo". Nesses ambientes deve se empenhar para a construção efetiva do Reino de Deus, "um reino eterno e universal, reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz", como rezamos no prefácio da missa da festa de Cristo Rei.

O reino de Cristo cresce onde se manifesta a atitude de serviço, a doação generosa em prol dos irmãos, onde há o respeito pêlos outros, onde se luta pela justiça e pela libertação. E tudo isso acontece de modo especial através da atuação dos cristãos leigos.

Quando os leigos assumem de fato sua missão específica, podemos sonhar com uma nova ordem social. O Concílio Vaticano 2 e os ensinamentos do papa insistem muito na necessidade de os leigos participarem ativamente na construção de uma nova sociedade, aperfeiçoando os bens criados e sanando os males. Felizmente, muitos têm entendido essa missão e se empenhado para bem cumpri-la.

Vemos com muita esperança o crescimento hoje da tomada de consciência por parte de muitos leigos que compreendem essa índole específica de sua missão. Acreditam nela e procuram exercê-la de modo digno e eficiente para que se faça cada vez mais concreta a promessa de Jesus: "O Reino de Deus está presente no meio de vós."

Na festa de Cristo Rei é importante refletir sobre a corresponsabilidade na construção do Reino. Os leigos devem assumir seu papel, confiantes nas bênçãos divinas.

Devem participar da vida comunitária, buscando nas celebrações, sobretudo na Eucaristia, as forças de que necessitam para bem desempenhar sua missão na comunidade e no mundo.

Através dos leigos, a Igreja se faz presente nos diversos ambientes sociais, impregnando-os da mensagem de Jesus Cristo, semeando os valores evangélicos da solidariedade e da justiça, empenhando-se decisivamente na construção da sociedade justa, fraterna e solidária, sinal do Reino de Deus.


*Administrador Diocesano de Patos de Minas e Arcebispo Eleito de Diamantina

domingo, 16 de agosto de 2015


O maior número de mártires, em toda a história da Igreja Católica, vem do século XX. Entre os muitos martírios, encontramos os da Revolução Bolchevista Russa (1917), da Revolução Espanhola (1930) e o da Guerra Civil Espanhola, intitulada ‘Cristiada’ (1926-1929), na qual muitos cristãos foram martirizados.
O filme ‘Cristiada’, rodado no México, mostra a realidade desconhecida por muitos católicos e é o filme mais assistido no país, mostrando o testemunho impressionante dos mártires.
Maurício Kuri, um jovem ator de quatorze anos, interpreta o mártir mexicano José Luis Sánchez del Rio, o qual foi mártir na mesma idade. O ator está convencido de que os católicos devem, hoje, defender a liberdade religiosa como fizeram os cristeros, em 1926, no México. Ele disse que gostaria de fazer a mesma coisa, “porque defender o que nós acreditamos é a coisa mais importante”. Ele incentivou os católicos de todo o mundo a defender a liberdade religiosa, como fizeram os fiéis do México durante a Guerra Cristera”.
“O que está acontecendo, hoje, com a Igreja, diante dos ataque à liberdade religiosa, é algo que acontecerá no final dos tempos. Sou católico e não me envergonho, estou orgulhoso de sê-lo e de defender o Cristianismo. Há uma frase, no filme, que eu adoro: Quem é você se não se levanta e se põe de pé para defender o que acredita?” .
‘Cristiada’ narra a história da Guerra Cristera, no México, desatada pela legislação anticlerical de 1926 e pela perseguição contra a Igreja Católica pelo então presidente Plutarco Elías Calles.
As leis proibiram as ordens religiosas, suprimiram a Companhia de Jesus e seus colégios, impuseram a deportação e o encarceramento dos bispos ou sacerdotes que protestassem. Privaram a Igreja dos direitos de propriedade e negaram liberdade civil aos sacerdotes, incluindo o direito a um julgamento com um jurado e o direito a voto. A cristandade mexicana sustentou uma luta de três anos contra os sem-Deus da época. Os laicistas da Reforma impuseram a liberdade para todos os cultos, exceto o católico, submetido ao controle do Estado.
O Papa Pio IX condenou essas medidas, assim como Pio XI expressou sua admiração pelos “cristeros”. Um mês depois, este Pontífice publicou a encíclica “Iniquis afflictisque”, na qual denunciou as agressões sofridas pela Igreja no México: ”Já quase não resta liberdade alguma à Igreja [no México], e o exercício do ministério sagrado se vê de tal maneira impedido, que é castigado, como se fosse um delito capital com penas severíssimas”.
O Papa elogiou, com entusiasmo, a “Liga Nacional Defensora de la Libertad Religiosa”, espalhada “por toda a República, na qual seus membros trabalharam, assiduamente, com o fim de ordenar e instruir a todos os católicos para opor aos adversários uma frente única e solidíssima”. Ele se comoveu ante o heroísmo dos católicos mexicanos: “Alguns destes adolescentes, destes jovens — como conter as lágrimas ao pensá-lo — foram lançados à morte com o rosário na mão, ao grito de Viva Cristo Rei! Inenarrável espetáculo que se oferece ao mundo, aos anjos e aos homens”.
López Beltrán, considerando os anos 1926-1929, dá o nome de 39 sacerdotes assassinados, de um diácono e seis religiosos. Guillermo Havers nomeia os 46 sacerdotes diocesanos executados no mesmo período de tempo (“Testigos de Cristo en México, 205-8”). Muitos desses padres pertenciam à arquidiocese de Guadalajara ou à diocese de Colima.
Em 22 de novembro de 1992, João Paulo II beatificou vinte e dois desses sacerdotes diocesanos mártires, destacando que “sua entrega ao Senhor e à Igreja era tão firme que, ainda tendo a possibilidade de se ausentar de suas comunidades durante o conflito armado, decidiram, a exemplo do Bom Pastor, permanecer entre os seus para não privá-los da Eucaristia, da Palavra de Deus e do cuidado pastoral.
A Conferência do Episcopado Mexicano, no livro “Viva Cristo Rei!” (México, 1991), dá-nos biografias dos 25 mártires que foram beatificados.
“A solenidade de hoje [Cristo Rei]”, destacada por João Paulo II na cerimônia de beatificação, instituída pelo Papa Pio XI, precisamente quando era mais vigorosa a perseguição religiosa do México, penetrou muito fundo naquelas comunidades eclesiásticas e deu uma força particular a esses mártires, de maneira que, ao morrer, muitos gritavam: ‘Viva Cristo Rei!’”.
A todos se deve acrescentar o nome do padre jesuíta Miguel Agustín Pro Juárez, beatificado pelo Papa João Paulo II em 25 de setembro de 1988. Por ocasião de um atentado contra o presidente Obregón, foram aprisionados e executados os autores do golpe, e, com eles, também eliminados o Padre Pro e seu irmão Humberto, os quais eram inocentes (23-11-1927).
Robert Roya, em “The Catholic Martyrs of The Twentieth Century” (pag.17-18) [Os mártires católicos do século XX] traz um relato impressionante:
“Dos mártires daqueles dias, nenhum chamou tanto a atenção do público, no México e no resto do mundo, como o Jesuíta Miguel Agustín Pro. Este foi morto por um pelotão de fuzilamento em frente das câmeras dos jornais que o governo trouxera para gravar o que esperava ser o constrangedor espetáculo de um padre implorando por misericórdia. Foi uma das primeiras tentativas modernas de usar a mídia para a manipulação da opinião pública com propósitos antirreligiosos. Mas, ao invés de vacilar, Pro demonstrou grande dignidade, pedindo apenas a permissão de rezar antes de morrer. Após alguns minutos de prece, levantou-se, ergueu seus braços em forma de cruz – uma tradicional posição de oração mexicana – e, com voz firme, nem desafiante nem desesperada, entoou, de forma comovente, palavras que, desde então, tornaram-se famosas: ‘Viva Cristo Rei’.
“Longe de ser um triunfo da propaganda para o governo, as fotografias da execução de Pro tornaram-se objeto de devoção católica no México e de constrangimento do governo por todo o mundo. Oficiais tentaram suprimir sua circulação, declarando a mera posse de tais fotos um ato de traição, mas não obtiveram sucesso.”
“Dios mío, ten misericordia de ellos. Dios mío, bendícelos. Señor, tu sabes que soy inocente. Con todo mi corazón perdono a mis enemigos” [Deus meu, tende misericórdia deles. Deus meu, abençoai-lhes. Senhor, tu sabes que sou inocente. Com todo meu coração, perdoo a meus inimigos].
“O pelotão dispara. Ouve-se ainda as últimas palavras de Pro, firmes, devotas: “Viva Cristo Rei!”. Eis o brado dos cristeros. Futuramente, o exército callista cortaria a língua dos mártires para que, ao morrer, não confessassem Cristo”.
“Pro cai, mas não morre. Um soldado aproxima-se dele e lhe dá o último tiro”. Podemos dizer por padre Pro: “Muero, pero Dios no muere!” [Morro, mas Deus não morre!].
Professor Felipe Aquino
Casado, pais de 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: “Escola da Fé” e “Trocando Idéias”.

==> ASSISTAM, A SEGUIR, O FILME "CRISTIADA"





FONTE   https://www.youtube.com/watch?v=XAvAEJ23Ajo



NOSSA SENHORA DE PENTECOSTES

O silêncio de Maria depois do Pentecostes

O intrigante silêncio da Virgem Maria depois do Pentecostes e a missão da Mãe de Jesus na Igreja

Depois do Pentecostes, o silêncio da Santíssima Virgem Maria é, a princípio, quase incompreensível, pois a Mãe de Jesus esteve presente, nos atestam a Palavra de Deus e a Tradição, nos três momentos constitutivos do mistério de Cristo e da Igreja: a Encarnação no Verbo, o Mistério Pascal e o Pentecostes1. No Cenáculo, Nossa Senhora está presente juntamente com algumas mulheres, mas, num plano superior, não somente em relação a elas, mas também aos apóstolos. A Virgem Maria está presente como “Mãe de Jesus”2! Isso significa que “o Espírito Santo, que está por vir, é ‘o Espírito do seu Filho’! Entre ela e o Paráclito há uma ligação objetiva e indestrutível, que é o próprio Jesus que juntos geraram”3. No Calvário, Maria está aos pés da cruz de Jesus como Mãe da Igreja; no Cenáculo, ela se mostra como madrinha: “uma batizada pelo Espírito que, agora, apresenta a Igreja para o batismo do Espírito. Se os batizados são adultos, a madrinha assiste-os na preparação; é o que Maria fez com os apóstolos e faz conosco”4. Mas, depois do Pentecostes, quando os apóstolos e os discípulos de Jesus foram batizados pelo Espírito Santo, a Mãe de Cristo desaparece, no mais profundo silêncio. Como entender esse silêncio de Maria na Palavra de Deus depois do Pentecostes?


Para entender o silêncio de Nossa Senhora não podemos partir da Palavra de Deus, pois não há nenhuma fonte escrita que nos dê informações a respeito dela. Porém, por indução, a partir dos frutos e das realizações que a Palavra produziu na Igreja, podemos extrair da experiência dos santos algo que diz respeito à vida interior da Mãe da Igreja, pois há leis e elementos constantes no campo da vida espiritual e da santidade dela. Por isso, a partir da experiência dos santos e das santas, que deixaram suas famílias, seus trabalhos e seus bens para se dedicarem inteiramente a Deus, numa vida silenciosa e escondida, podemos compreender melhor o silêncio de Maria depois do Pentecostes, que marca o início da missão da Igreja.
A Virgem Maria “foi a primeira monja da Igreja. Depois de Pentecostes, é como se ela tivesse entrado para uma clausura”5. A vida de Nossa Senhora, agora, “está escondida com Cristo em Deus”6. Da mesma forma que na vida dos santos, o silêncio de Maria é o argumento mais seguro e eloquente de todos. “Maria inaugurou, na Igreja, aquela segunda alma ou vocação, que é a alma escondida e orante, ao lado da alma apostólica e ativa”7. Os apóstolos, depois de receber o Espírito Santo, vão logo às praças para pregar8, fundam e dirigem igrejas9, enfrentam processos10 e convocam um Concílio11. Mas a respeito de Maria nada se fala, pois ela permanece unida em oração com as mulheres no Cenáculo. Dessa forma, o silêncio dela nos mostra que, na Igreja, o serviço na construção do Reino dos Céus não é tudo, são indispensáveis as almas orantes que o sustentam.
Nossa Senhora é o “protótipo e o modelo acabado”12 da Igreja. A Mãe de Deus é imagem da Igreja “enquanto arquétipo, isto é, enquanto ‘ideia’ realizada de forma perfeita e inigualável”13. Para compreender esse carisma de Maria, voltemo-nos à experiência de Santa Teresinha do Menino Jesus, na descoberta de sua vocação na Igreja. Depois de ler a descrição dos carismas feita por São Paulo, Teresinha “teria desejado ser apóstolo, sacerdote, mártir… […] Esses desejos tinham-se tornado para ela um verdadeiro martírio, até que, um dia, eis a descoberta: o Corpo de Cristo tem um coração que move todos os membros e sem o qual tudo pararia. E no auge da alegria, exclamou: ‘No coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor e assim serei tudo!’14” Naque dia, Santa Teresinha descobriu a vocação de Maria: ser, na Igreja, o coração que ama, o coração que ninguém vê, mas que tudo move; sem ele, todo o seu corpo pararia.

Assim, a presença da Virgem Maria na Igreja foi, e continua sendo, presença orante e silenciosa, escondida aos olhos dos homens. Essa é a vocação dos religiosos e religiosas, que também diz respeito à vocação dos leigos e leigas na Igreja. Essa vocação ao silêncio, ao escondimento e à oração foi revelada a Santa Faustina, em um momento de oração, pela própria Mãe de Jesus: “Vossa vida deve ser semelhante a minha: silenciosa e oculta, continuamente unida a Deus, em súplica pela humanidade e a preparar o mundo para a segunda vinda de Deus”15. Acolhamos essas palavras de Nossa Senhora e procuremos vivê-la com uma vida silenciosa e oculta, continuamente unida a Deus, em oração suplicante pela salvação da humanidade, preparando o mundo para a segunda vinda de Jesus Cristo. Essa é a vocação de Maria e a nossa vocação, a vocação da Igreja: no silêncio, no escondimento e na oração, ser o coração que ama e que tudo move, para preparar um povo bem disposto para a vinda de Cristo e para o Reino dos Céus. Nossa Senhora, Mãe da Igreja, rogai por nós!

1Cf. Lc 1, 26-38; Jo 19, 25-27; At 1, 14.
2At 1, 14.
3CANTALAMESSA, Raniero. Maria, um espelho para a Igreja. Aparecida: Santuário, 1992, p. 129.
4Idem, p. 130.
5Idem, ibidem.
6Cl 3, 3.
7CANTALAMESSA, Raniero. Op. cit. Aparecida: Santuário, 1992, p. 131.
8Cf. At 2, 14-36; 5, 12-16; 9, 26-30.
9Cf. At 6, 1-7; 9, 19b-25; 11, 19-26.
10Cf. At 4, 1-22; 5, 17-42; 7, 1-60.
11Cf. At 15, 4-21.
12CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium. São Paulo: Paulus, 1997, 53.
13RATZINGER, Cardeal Joseph; BALTHASAR, Hans Urs Von. Maria, Primeira Igreja.Coimbra: Coimbra, 1997, p. 143.
14CANTALAMESSA, Raniero. Op. cit. Aparecida: Santuário, 1992, p. 131.
15SANTA MARIA FAUSTINA KOWALSKA. Diário: a Misericórdia Divina na minha alma.Curitiba: Brasileira, 1995, 625.

Natalino Ueda

Missionário da comunidade Canção Nova desde 2005. Cursou Filosofia e Teologia, atua no portal cancaonova.com como produtor de conteúdo e é autor do blog Todo de Maria: http:// blog.cancaonova.com/tododemaria